“Olhar de frente a DMI” é o mote da campanha que tem como principal objetivo reforçar o envolvimento dos doentes na sua automonitorização e relembrar que é fundamental o correto acompanhamento médico e manutenção da terapêutica. A iniciativa disponibiliza materiais informativos que os médicos podem facultar aos doentes que acompanham e que têm como objetivo não só aumentar o conhecimento sobre a patologia, como, também, fortalecer o diálogo entre o doente e o profissional de saúde. A campanha conta com o apoio do Grupo de Estudos de Retina (GER).
Em tempo de pandemia, tem sido notório um receio por parte dos doentes em consultarem o seu médico oftalmologista, o que tem conduzido a uma dificuldade na manutenção da terapêutica. No caso da DMI (Degenerescência Macular da Idade) esta situação é urgente e não pode ser adiada, uma vez que as lesões provocadas ao nível da retina são irreversíveis, podendo conduzir a situações de cegueira. É perante este contexto que a iniciativa pretende incentivar a população portuguesa a um papel proativo na gestão desta doença crónica degenerativa da visão e salientar a importância de marcação de uma consulta com o médico oftalmologista.
No tratamento da DMI é fundamental a relação que se estabelece entre o médico e o doente. Podemos defini-la como uma relação terapêutica, em que o envolvimento do doente e a relação de confiança que se estabelece tem um impacto direto no resultado do tratamento. Esta campanha proporciona-nos um conjunto de elementos que podem contribuir para uma maior aproximação ao doente e reforço da confiança.
José Henriques, presidente do Grupo de Estudos da Retina
Com o objetivo facilitar a comunicação do médico com o doente foi lançado um Website (olhardefrente.pt) com conteúdos relevantes sobre a patologia, dedicado a doentes, familiares e cuidadores e um kit impresso para o médico entregar ao doente com um Guia sobre a DMI, que pretende facilitar a compreensão da doença; e um Guia para a Casa, com recomendações sobre como adaptar a casa, simplificando o dia a dia dos doentes com DMI.
Guia sobre a DMI, disponível na íntegra, para consulta e download, aqui (PDF, 1.5 MB).
Guia para a Casa, disponível na íntegra, para consulta e download, aqui (PDF, 1.62 MB).
Sobre a DMI
Em Portugal, existem cerca de 335.500 doentes com esta doença crónica degenerativa que afeta, essencialmente, pessoas com idades superiores a 55 anos e que pode assumir duas formas: seca ou exsudativa. A DMI exsudativa ou húmida afeta cerca de 20 milhões de pessoas em todo o mundo e cerca de 20 mil pessoas em Portugal e é uma das principais causas de perda de visão irreversível em países desenvolvidos2. A patologia começa, tipicamente, num dos olhos, podendo eventualmente afetar ambos1, e pode dar origem a manchas no campo visual, distorção das imagens e alterações na perceção das cores1. Atividades da vida diária, como ler um livro, localizar a borda de um passeio e, até reconhecer rostos, podem ser difíceis para um doente com DMI, ao visualizar uma área vazia ou uma distorção das linhas retas, como exemplificado nas seguintes imagens:
Atualmente já é possível controlar a progressão da doença, sendo recomendada a realização de exames oftalmológicos sistemáticos a pessoas com mais de 55 anos, uma vez que a maculopatia (condição patológica da mácula) pode ser assintomática. Por não ocorrer em ambos os olhos simultaneamente, é importante que cada olho seja testado individualmente.
A DMI ocorre com a atrofia progressiva de partes da mácula (centro da retina) e a formação de pequenos depósitos (drusas) de proteína, causando uma progressiva e lenta perda da visão central – a parte da visão que nos permite ver os objetos que estão à frente do nosso campo visual 1,2. Sem dor ou outros sinas de aviso, 10% a 20% dos casos podem desenvolver-se para uma forma mais avançada – Degenerescência Macular da Idade Neovascular (húmida ou exsudativa) e Seca4.
A DMI exsudativa é causada por um excesso de fator de crescimento endotelial vascular (VEGF, na sigla em inglês), que dá origem ao desenvolvimento de vasos sanguíneos anormais dentro do olho 6, que podem derramar líquido e sangue e, consequentemente, destruir a mácula 1,6.