A propósito da sua participação na 25.ª edição do Dia da Comunidade, assinalado todos os anos pela Novartis, quisemos saber o testemunho do Chef Chakall, sobre a sua experiência e o que significou fazer parte deste tipo de ação solidária, qual foi a sua inspiração para a criação das duas receitas que originaram mais de 700 refeições e o que é que tornou este projeto tão único.
Sendo um dos mais conceituados Chefs de cozinha em Portugal, o que é que significa fazer parte deste tipo de ação solidária? Como foi esta experiência em parceria com a Novartis e a Refood?
(…) Pretendia-se que fosse um dia bem passado, mas que tivesse um impacto positivo, e teve.
Chef Chakall: Para mim significa participar numa ação “maior que eu”, que tem um propósito e serve a comunidade. É deixar de olhar para o “meu quintal” e pôr-me no lugar do outro, daquele que neste momento pode estar a passar uma fase menos boa na vida, que podia ser eu ou alguém muito próximo. Fico sempre dividido se as ações solidárias são unicamente altruístas ou têm sempre um lado egoísta, porque no final do dia há uma sensação de alegria por poder contribuir ativamente.
Relativamente a esta experiência em concreto foi muito envolvente, divertido ao mesmo tempo e muito desafiante, uma vez que tínhamos os colaboradores todos a postos em casa para pôr os seus dotes culinários ao serviço da comunidade. Pretendia-se que fosse um dia bem passado, mas que tivesse um impacto positivo, e teve. E depois, ter as pessoas empenhadas e contar com o apoio adicional da ReFood, foi a cereja no topo do bolo! Divertido, enriquecedor e, quem sabe, a repetir!
O que é que o inspirou para a criação das duas receitas que originaram mais de 700 refeições para doação à Refood?
Chef Chakall: Ter receitas com as quais as pessoas se identificassem, a minha cultura de origem, a Argentina, onde também é comum a comida de tacho e que nos remete para sabores e experiências familiares à mesa. A Feijoada à Portuguesa por ser tipicamente portuguesa e com os mesmos princípios da Carbonada à Argentina. No fundo, apesar das diferenças geográficas e culturais, somos todos iguais e a comida desempenha um papel fundamental na vida de todos. Depois, que fossem de alguma forma fáceis de executar com um grupo tão grande e ainda por cima num evento virtual. E mais importante que tudo, fossem nutritivas e de boa qualidade para as famílias que as iam receber. Isso era absolutamente fundamental!
De todos os projetos em que teve a oportunidade de participar até hoje, o que é que tornou este tão único?
(…) Estreitam-se os laços dentro das equipas por um lado, mas fizeram-se pontes com a comunidade para lá das paredes do escritório (ou casa, neste caso!) e isso é marcante!
Chef Chakall: Todos os projetos solidários são únicos porque têm propósitos nobres. Este foi especial pelo envolvimento dos colaboradores da Novartis que estavam realmente empenhados em transformar o seu Dia da Comunidade num propósito maior e que fosse além de um dia bem passado numa ação de teambuilding. Estreitam-se os laços dentro das equipas, por um lado, mas fizeram-se pontes com a comunidade para lá das paredes do escritório (ou casa, neste caso!) e isso é marcante! E ter a ReFood a bordo trouxe também ao projeto um cunho muito especial por ser um parceiro que está todos os dias no terreno e acaba por trazer uma mais-valia ao objetivo proposto.
Que outras iniciativas podem ser feitas para continuar a ser possível ajudar quem mais necessita e unificar a comunidade?
Chef Chakall: Há tantas coisas que podem ser feitas... Sugiro, antes de mais, que cada um esteja atento à sua própria casa, às necessidades de cada um. Depois, os nossos vizinhos. O que sabemos sobre eles? O que podem precisar? O que sabemos sobre aquela senhora idosa que vive no nosso prédio e que não tem companhia? O que podemos fazer por ela? Se não começarmos pela nossa pequena comunidade como podemos partir para um cenário mais “macro”? Não será assim que deve ser feito o caminho? Depois, há sempre iniciativas a nível local, nas juntas, lares de idosos, casas de acolhimento, etc, etc. É uma questão de estarmos atentos e sobretudo disponíveis. Às vezes não são necessários gestos grandes. Dar tempo a alguém que necessita de apoio, de dois dedos de conversa pode ser um início! E parecendo que não, com gestos pequenos a comunidade à tua volta, seja ela de que tamanho for, fica mais unificada e feliz e ela própria mais atenta ao que se passa.
Que mensagem ou conselhos gostaria de deixar a todos os voluntários e interessados que pretendem ser mais ativos na comunidade?
(…) Muita sensibilidade, muita mesmo, porque não podemos (nem devemos) olhar o outro com qualquer tipo de juízo de valor ou pena.
Chef Chakall: Sem querer acho que já respondi, em parte, na pergunta anterior. Mas diria mais: mente aberta porque às vezes há situações que nos chocam, disponibilidade absoluta quando nos comprometemos com alguma iniciativa, mesmo que sejam só 5 minutos. Muita sensibilidade, muita mesmo, porque não podemos (nem devemos) olhar o outro com qualquer tipo de juízo de valor ou pena. Empatia e compaixão são centrais. Sem isso, não vale sequer a pena.
Assista ao vídeo para conhecer alguns dos momentos mais marcantes deste dia e saiba mais sobre o Dia da Comunidade aqui.