A inovação terapêutica tem permitido que os doentes com cancro da mama metastizado vivam cada vez mais tempo, mesmo na fase mais avançada da doença. Mais tempo de vida não é, no entanto, sinónimo de maior qualidade de vida. Foi para refletir sobre como melhorar a qualidade de vida destas pessoas e definir linhas orientadoras sobre os cuidados que lhes devem ser prestados que nasceu o projeto MAAT - Multidisciplinary Approach in Advanced Breast Cancer Treatment.
A iniciativa da Novartis começou por reunir evidência clínica e profissionais de saúde das várias especialidades envolvidas no acompanhamento do cancro da mama avançado, assim como associações de doentes, para refletirem conjuntamente sobre a realidade e as necessidades destas pessoas.
Com as suas múltiplas experiências e conhecimentos, contribuíram depois para estabelecer um conjunto de linhas orientadoras, passíveis de serem aplicadas transversalmente a qualquer unidade hospitalar, pública ou privada, para otimizar o tratamento e acompanhamento multidisciplinar dos doentes com cancro da mama metastático, melhorando a qualidade da sua sobrevida.
Uma resposta integrada, multidisciplinar e diferenciada: clínica, emocional e operacional
Recorde-se que, apesar dos avanços e da inovação espelhada no desenvolvimento de tratamentos no cancro da mama metastático – que se refletem em taxas de sobrevivência mais elevadas –, estes doentes têm necessidades distintas comparativamente com os doentes com cancro da mama em estádios iniciais, continuando a manifestar problemas físicos, emocionais e constrangimentos operacionais que limitam o retomar da vida familiar, social e profissional.
A amplitude e diversidade dos desafios que estes doentes enfrentam exige assim um trabalho em rede e uma resposta multidisciplinar, integrada e diferenciada – inexistente até ao momento. Ao mesmo tempo, torna-se evidente que, além da dimensão clínica, é fundamental acautelar também as dimensões emocional e operacional da jornada do doente para lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida.
O projeto MAAT veio precisamente determinar a necessidade desta resposta mais completa, e divulgar um documento de consenso, com as recomendações a implementar pelos vários hospitais, com o propósito de uniformizar esta abordagem mais ampla e multidisciplinar, centrada no doente com cancro da mama avançado, independentemente de estar a ser seguido no SNS – Serviço Nacional de Saúde ou numa unidade de cuidados de saúde privada.
A abordagem recomendada resultou de um trabalho de mais de dois anos, que contou com o apoio científico da Sociedade Portuguesa de Senologia (SPS) e da Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa (AEOP) e envolveu uma equipa multidisciplinar composta por profissionais de diferentes áreas da saúde: desde a oncologia à enfermagem, psico-oncologia, cuidados paliativos, cardio-oncologia, farmácia, nutrição, endocrinologia, até à área de assistência social. Ao mesmo tempo, e porque é fundamental ouvir estes doentes, o projeto MAAT contou também com a participação ativa de representantes de três associações de doentes: “Evita”, “Careca Power” e “Amigas do Peito”.
Cuidados paliativos precoces e Enfermeiro Gestor do Doente são prioridades identificadas pelo projeto MAAT
Foi esta equipa multidisciplinar que identificou as principais necessidades dos doentes com cancro da mama avançado e avaliou as melhores ações a implementar para otimizar a abordagem ao longo do seu percurso, em particular, em quatro momentos-chave: diagnóstico, primeira linha de tratamento, monitorização e linhas avançadas de tratamento.
Do documento de consenso resultaram um conjunto de ações/recomendações com um carácter prioritário, onde se destacam as seguintes:
- Os doentes com cancro da mama avançado devem ter acesso ao acompanhamento por uma equipa multidisciplinar, composta por um grupo nuclear de especialistas, o qual pode ser alargado a outras especialidades em função das necessidades específicas do doente.
- É importante aumentar e melhorar a comunicação entre os profissionais de saúde. Para isso deverão ser implementadas novas ferramentas e softwares que agilizem a comunicação e a partilha de informação.
- O doente com cancro da mama avançado deve ser acompanhado ao longo da sua jornada por um profissional de saúde dedicado – o Enfermeiro Gestor do Doente.
- O acesso aos cuidados paliativos deve ocorrer numa fase mais precoce da jornada do doente.
O documento completo com as linhas de ação estratégicas do projeto MAAT pode ser consultado aqui.